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Integrante do XXV SNEF se reúnem em Caruaru, em Pernambuco

A 25ª edição do evento reuniu 1.068 inscritos, dos quais 55,8% eram estudantes de graduação que, juntos com alunos do Ensino Fundamental e Médio representam o futuro da educação em ciência

A cor da pele e a classe social, muitas vezes, contribuem para determinar o nível de aprendizagem de Física e ciências em geral em diferentes esferas educacionais. Mas, apesar das barreiras sócio-políticas, o debate de exemplos históricos e o carácter dinâmico das práticas científicas apresentados em um ambiente de puro acolhimento pode contribuir para a construção de “inéditos-viáveis”, na busca de um mundo mais equitativo. Em resumo, esse foi o espírito da Conferência de abertura do XXV Simpósio Nacional de Ensino de Física (SNEF), em palestra proferida pela professora Andreia Guerra (CEFET-RJ), ex-presidente do International History, Philosophy and Science Teaching Group e membro do Conselho da Sociedade Brasileira de Física (SBF).

“Inéditos-viáveis” sem dúvida se expressaram em diversas vezes no primeiro SNEF presencial no pós-pandemia, cujos encontros ocorreram simultaneamente em Manaus (AM), São Luís (MA), Juiz de Fora (MG), Caruaru (PE), Curitiba (PR), Santa Maria (RS), Rio de Janeiro e Volta Redonda (RJ). A primeira prova dessa fórmula inédita pode ser notada na composição dos inscritos: do total de 1.068 pessoas, 55,8% eram estudantes de graduação. Estes, juntamente com os 2,1% de estudantes do Ensino Fundamental e Médio que também participaram do evento, representam o futuro do ensino de Física no Brasil.

Alunas do Ensino Fundamental da Escola Tomé de Souza, de Ijuí, apresentam trabalho no NR de Santa Maria

“Esse número de participantes do Ensino Fundamental e Médio, apesar de pequeno, é muito importante, porque eles representam o nosso futuro”, explica Ivanilda Higa, integrante da Comissão Organizadora Nacional do SNEF, professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coordenadora da Comissão de Área: Pesquisa em Ensino (CAPEF) da SBF. “Ainda estamos meio em êxtase após a realização do evento, e ainda não foi possível, comissão organizadora nacional e comissões organizadoras locais, avaliarmos, com maior amplitude, dificuldades e os inéditos viáveis em cada núcleo de referência.”

Em Santa Maria (RS), alunas do oitavo ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Fundamental Tomé de Souza, de Ijuí, apresentaram, em uma comunicação oral, uma maquete de circuito elétrico para um palco de show; Em Curitiba, alunos do curso técnico integrado ao Ensino Médio do Instituto Federal do Paraná de Jaguariaíva, João Gustavo Bueno Rodrigues e Amanda Santos Bueno, apresentaram o pôster “O Desenvolvimento de simulações computacionais com o Vpython” e Antony Gabriel Brito de Oliveira, aluno do Ensino Médio de uma escola estadual de Campo Largo (PR), apresentou a comunicação oral “A importância da Física no Ensino Médio: um relato de experiência”.

E, no Rio de Janeiro, três alunos do 2º ano do Ensino Médio Integrado do CEFET/RJ campus Nova Iguaçu ministraram, juntamente com a professora de Física Marta Maximo Pereira, da mesma instituição, o minicurso “Jogos didáticos no Ensino de Física”: Janaína Offredi, Nicolas Sousa e Matheus Souza. “Esses alunos estão participando apresentando trabalhos, ou seja, eles estão vindo trazer e compartilhar a experiência e vivência deles, o que para nós é muito importante”, explica Ivanilda.

No Núcleo de Referência do Rio de Janeiro houve até um minicurso ministrado por alunos do Ensino Médio

Junto destes estudantes, há sempre um profissional muito importante: os professores do Ensino Fundamental e Médio, o segundo maior grupo dentre os participantes do evento (17,7%). Outras categorias de participantes foram professores do Ensino Superior (12,7%), Estudantes de Mestrado (7,8%), Mestres e estudantes de Doutorado (2,7%) e Outros (1,2%). Em apenas três dias de evento, do dia 8 ao dia 10 de novembro, foram realizadas nada menos do que 45 mesas redondas, 292 apresentações orais, 213 exibição de pôsteres, 25 palestras, 61 minicursos, 20 mostras ou exposições, 10 Encontros e 3 lançamentos de livro.

Em relação à participação de estudantes de graduação, Ivanilda cita o relato de Angelisa Benetti Clebsch, professora do Instituto Federal Catarinense (IFC) e integrante da Comissão Organizadora Nacional do SNEF. Para Angelisa, além desses alunos participarem em conferências, palestras e cursos, eles mantiveram contato com estudantes e pesquisadores de todos os níveis e modalidades de ensino, e essa participação pode contribuir com o senso de pertencimento a uma comunidade, e também para a persistência estudantil.

“Muito se fala sobre o abandono do curso de Física. E a gente entende que a grande participação de alunos de graduação pode desenvolver senso de pertencimento e contribui para que eles permaneçam no curso. Este tema, a ‘emergência do enfrentamento coletivo da evasão dos cursos de licenciatura, em especial em Física, e o grave aspecto pós-pandêmico evidenciado na baixa procura por estes’ foi uma, dentre várias problemáticas registradas na Carta Aberta dos participantes do Encontro que ocorreu no NR Rio de Janeiro, ‘Licenciaturas em Física: permanência e outros desafios’, conforme apontado por Marta Máximo Pereira, que também compôs a Comissão Organizadora Nacional e esteve presencialmente neste NR”, conta Ivanilda. 

A coordenadora da CAPEF lembra que, quando a SBF decidiu realizar um evento espalhado por 8 núcleos de referência no País, houve receios com relação à essa decisão. Mas, pelo tempo que havia para a organização, essa foi uma alternativa possível, mas nem por isso, menos trabalhosa. Imagine o grau de empenho dos coordenadores locais e da correlação com a comissão nacional para que tudo fosse realizado. O fato é que esse tipo desafiador de evento colaborou também para uma maior participação de inscritos em cada região.

É o que relatou à Ivanilda o professor André Ferrer Pinto Martins, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que atuou na Comissão Organizadora Nacional e participou presencialmente do evento em Caruaru (PE). Segundo o relato de Martins, Caruru conseguiu reunir participantes de diversos Estados do Nordeste, que teve o segundo maior número de inscritos (348), abaixo apenas do Sudeste (405).

Na região Norte, que reuniu 115 pessoas, a quarta maior presença abaixo do Sul (186), houve mais um exemplo de “inéditos-viáveis”: segundo o relato da professora da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) Elrismar A. Gomes Oliveira, da comissão organizadora nacional do simpósio, o professor Tiago Gonçalves Santos (um dos coordenadores do NR Manaus) saiu com uma comitiva de alunos de licenciatura da UFAM de Coari de barco no domingo, dia 5 de novembro, para chegar em Manaus na quarta-feira, dia 8 de novembro, para participar do SNEF no núcleo de referência do Estado. “Mesmo com toda dificuldade, é possível perceber que a realização do SNEF em núcleos de referência possibilitou a participação de muita gente que não teria como se deslocar para um local específico do País”, explica Ivanilda. 

Ela ainda ressalta que esta forma de organização foi uma excepcionalidade diante das circunstâncias daquele momento, e em 2025, o evento voltará a ser realizado em um único local, dando continuidade ao seu formato que, desde sua primeira edição, em 1970, se mostra um sucesso. E a cidade escolhida em assembleia foi Niterói, no Rio de Janeiro. 

Para ela, apesar dos desafios, a realização do XXV SNEF foi muito positiva e, com certeza, deverá inspirar novas gerações em busca de trilhar o caminho do ensino de Física e da vida de cientista. Os dados apresentados neste texto, explica a professora, não são apenas números, mas sim pessoas que tornaram o SNEF uma realidade. E Ivanilda agradece, especialmente, os coordenadores dos oito Núcleos de Referência, porque sem eles nada seria possível. E, em sua homenagem, a SBF lista seus nomes e agradece profundamente pela dedicação.

Comissões Organizadoras dos Núcleos de Referência (NR)

Coordenadores:

AM – Manaus

Wanderley Vitorino da Silva Filho (UFAM/Manaus) 

Tiago Gonçalves Santos (UFAM/Coari)

MA – São Luís

Carolina Pereira Aranha (UFMA)

Mauro Bogéa Pereira (UEMASUL)

MG – Juiz de Fora

Giovana Trevisan Nogueira (UFJF) 

Paulo Henrique Dias Menezes (UFJF)

Thales Costa Soares (IF Sudeste MG)

PE – Caruaru

Tassiana Fernanda Genzini de Carvalho (UFPE)

Alexandre Campos (UFCG)

PR – Curitiba

Bruno Felipe Venancio (IFPR)

Silmara Alessi Guebur Roehrig (UTFPR)

Camilla Karla Brites Queiroz Martins de Oliveira (UFPR)

Ezequiel Burkarter (IFPR)

RJ – Volta Redonda

Ana Paula Damato Bemfeito (IFRJ)

José Augusto Oliveira Huguenin (UFF)

RJ – Rio de Janeiro

Gloria Regina Pessoa Campello Queiroz (UERJ)

Eduardo Oliveira Ribeiro de Souza (UFF)

RS – Santa Maria

Inés Prieto Schmidt Sauerwein (UFSM)

Dioni Paulo Pastorio (UFRGS)

(Colaborou Roger Marzochi)