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Participantes do evento realizado entre os dias 1 e 5 de setembro de 2019, em Campos do Jordão-SP

Leia a seguir o manifesto redigido por físicos de todas as regiões do país reunidos durante a assembleia geral conjunta do XL Encontro Nacional de Física de Partículas e Campos (ENFPC) e da XLII Reunião de Trabalho sobre Física Nuclear no Brasil (RTFNB), realizada no dia 04 de setembro de 2019, em Campos do Jordão-SP.

O documento é uma manifestação contra os cortes nos orçamentos das agências federais CNPq, CAPES e FINEP, que ameaçam causar enormes prejuízos ao sistema nacional de pós-graduação, Ciência e Tecnologia. Os cientistas expressam total repúdio a atual “marcha da insensatez” e esperam que o bom senso volte a reinar, com a recomposição de orçamentos condizentes com a atual dimensão do sistema nacional de C&T.

Contra a Marcha da Insensatez 

A Marcha da Insensatez, da historiadora Barbara Tuchman*, aponta episódios históricos em que países caminharam em direção a seu próprio desastre, mesmo expostos a argumentos racionais.

As comunidades de Física Nuclear e de Física de Partículas e Campos, juntas em sua reunião anual, entre 01 e 05 de setembro de 2019, em Campos do Jordão-SP, expressam total repúdio à marcha da insensatez e o obscurantismo que assola as lideranças políticas do país, em particular no que tange à falta de compromisso do atual governo brasileiro com a manutenção do aparato de Educação, Ciência e Tecnologia.

Reiteramos que os cortes realizados nos orçamentos de 2019 do CNPq, CAPES e FINEP já causaram enormes prejuízos ao sistema de pós-graduação e C&T e seus atores. Se os novos cortes anunciados para o orçamento de 2020 dessas agências forem  concretizados, causarão um impacto nefasto sobre os programas de pós-graduação e o sistema de fomento à pesquisa, determinando a paralisação do progresso científico do país, assim como a esterilização de nossa capacidade de competição internacional presente e futura em setores onde a inovação é crucial.

Soma-se a isso, o desperdício de milhões de reais já investidos na formação de futuros cientistas, que serão certamente acolhidos por países que recrutam cientistas em início de carreira, e a perda de um valor financeiro inestimável que corresponde à verba intangível que entra no país por meio de colaborações internacionais.

Os cientistas aqui reunidos repudiam a forma destrutiva com que o governo tem tratado o sistema nacional de pós-graduação e C&T, esperando que o bom senso volte a reinar e os orçamentos do CNPq, CAPES e FINEP sejam recompostos em patamares condizentes com a atual dimensão do sistema nacional. Somente assim evitaremos que essa tragédia anunciada comprometa de forma irreversível o futuro do Brasil.

* A marcha da insensatez: De Tróia ao Vietnã, Barbara W. Tuchman.