Sem a juventude, os grandes avanços sociais não acontecem. Por isso, a Sociedade Brasileira de Física (SBF) decidiu criar o Programa SBF Jovem, uma iniciativa inédita que buscará fortalecer a ciência física brasileira. O programa buscará transformar estudantes de graduação e pós-graduação em protagonistas da divulgação e da promoção da física no País.
“O programa SBF Jovem vai ocorrer não apenas fora dos grandes centros, mas em todos os lugares onde houver uma divisão estadual ou regional da SBF. Serão os secretários estaduais que vão coordenar a atuação dos embaixadores — que são os estudantes”, explica Rodrigo Barbosa Capaz, presidente da Sociedade Brasileira de Física (SBF), resumindo o espírito do SBF Jovem.
O programa é destinado à criação de embaixadores nas universidades que estão em regiões onde a SBF possui uma Secretaria Estadual ou Regional. A atuação é voluntária, mas quem participa não ganha apenas a satisfação de colaborar com a disseminação da ciência: os embaixadores também ampliam sua rede de contatos, enriquecem o currículo e desenvolvem competências importantes, como organização de eventos, atividades de extensão universitária, além de habilidades de comunicação e gestão.
Inspirado em modelos adotados por outras sociedades científicas, o programa nasce com o objetivo de fortalecer a atuação da SBF nas universidades de todo o País, criando uma rede de jovens embaixadores comprometidos com a disseminação do conhecimento científico e com a mobilização da comunidade estudantil. “O principal não é apenas capilarizar, porque isso já acontece por meio das secretarias estaduais. O que queremos agora é, sobretudo, engajar a nova geração nas ações da SBF e aproximá-los da comunidade científica”, afirma Capaz.
A seguir, ele explica como será a estrutura, os desafios e as expectativas da SBF com o lançamento do programa:
Por que criar o Programa SBF Jovem?
É uma iniciativa inédita da SBF, inspirada em experiências bem-sucedidas de outras sociedades científicas. O programa não busca apenas capilarizar as ações da SBF — isso já acontece por meio das nossas divisões estaduais. O grande objetivo é engajar os jovens. O programa vai acontecer em todas as regiões onde houver uma divisão estadual ou regional da SBF. Os secretários estaduais ficarão encarregados de coordenar a atuação dos embaixadores, que serão os estudantes.
Como será o suporte oferecido aos embaixadores?
A coordenação dos embaixadores será feita diretamente pelos secretários estaduais. Isso inclui tanto o apoio na organização das atividades quanto um acompanhamento prático, com desenvolvimento de projetos conjuntos e acesso aos recursos da SBF, especialmente via Edital de Eventos.
O programa também pretende se conectar com estudantes do ensino médio?
Isso pode acontecer, mas não é o foco principal. Os embaixadores serão estudantes de graduação e pós-graduação. Cada grupo, junto com seu secretário estadual, poderá propor atividades diversas, como palestras, eventos, oficinas ou ações de popularização da física. A aproximação com o ensino médio pode ser uma consequência natural, dependendo das propostas locais.
Há diretrizes para garantir diversidade regional, de gênero e racial na escolha dos embaixadores?
Sim, o processo é democrático. Se houver mais de um candidato em uma instituição, haverá uma eleição entre os estudantes. O programa também incentiva que essa escolha reflita a diversidade da comunidade acadêmica, embora isso dependa muito do engajamento local e da conscientização de todos sobre essa importância.
A longo prazo, os embaixadores podem se tornar futuras lideranças da física brasileira?
Sem dúvida. É justamente esse o espírito do programa. Ao estimular o protagonismo dos estudantes nas ações da SBF, estamos naturalmente formando futuras lideranças. Esses jovens estarão mais próximos da comunidade científica, da gestão e da articulação institucional desde cedo.
Sua própria história de ter se apaixonado pela física aos 14 anos, ao ler Cosmos, de Carl Sagan, inspira de alguma forma esse programa?
Com certeza. Eu fui atraído pela física muito jovem, graças a professores inspiradores e à literatura de divulgação científica. Sempre carreguei esse desejo de tornar a física mais acessível. O programa SBF Jovem não é diretamente voltado a despertar vocações no ensino médio, mas isso pode acontecer. O principal é criar uma rede de atividades que fortaleça a física nas universidades em todas as regiões do Brasil.
(Colaborou Roger Marzochi)