A Sociedade Brasileira de Física (SBF) firmou um novo contrato com a editora Springer que fortalecerá significativamente o Brazilian Journal of Physics (BJP), revista científica da SBF. Esse acordo representa um importante passo para a ampliação da divulgação científica nacional e reflete o trabalho da SBF e do Dr. Antônio Martins Figueiredo Neto, editor-chefe da revista há 11 anos. O novo contrato, com vigência por mais cinco anos, prevê a remuneração dos editores diretamente pela Springer. Desde o início da parceria, em 2010, os editores atuavam de forma voluntária. “Com esse novo acordo, esperamos acentuar ainda mais a trajetória de crescimento do BJP”, diz Rodrigo Capaz, presidente da SBF.

“Além de começar a remunerar os editores, esse novo contrato também reforça outros pontos importantes. Os acordos anteriores eram mais sucintos, e deixavam pontos importantes em aberto. Agora, consolidamos aspectos fundamentais da gestão da revista: ficou mais claro que todos os artigos são propriedade da Sociedade, ficou garantido que nós escolhemos o corpo editorial e que continuamos responsáveis pela qualidade do que é publicado. Esse novo contrato consolida a relação com a editora, repactua responsabilidades e deve atrair mais pessoas interessadas”, explica Gustavo Dalpian, secretário da Diretoria da SBF.

Ao longo de sua trajetória, o BJP tem recebido contribuições de pesquisadores de diversas partes do mundo, embora a participação brasileira ainda seja tímida. A importância da BJP tem crescido ano a ano. Em 2024, a revista recebeu 1.510 manuscritos e publicou 254 artigos. Segundo Figueiredo Neto, de janeiro a março nada menos do que 550 artigos foram submetidos para avaliação dos 11 editores que compõem a equipe do periódico, que será renovada. O editor-chefe, após um período de incansável trabalho, deixará a publicação em junho. De acordo com Figueiredo Neto, a expectativa é elevar o número de editores para 15.

“A revista é profissional e isso dá um trabalho muito grande. E esperar que os editores não recebam nada por isso vai ser cada vez mais difícil, não é fácil achar pessoas com competência para fazer o trabalho sem ter uma compensação. O estatuto da SBF não permite que sócios recebem por trabalhos efetuados. E pensei então em fazer essa sugestão. E a Springer aceitou”, explica o Dr. Figueiredo Neto ao Boletim SBF. “O nosso fator de impacto vem crescendo ano a ano e publicamos trabalhos de muitos países.”

O físico Fábio Santos, Publisher da Springer, concorda com Figueiredo Neto e avalia que, para dar conta da avaliação de tantos papers, a remuneração aos editores é importante. “No ano passado já havia sido um volume bem grande de publicações, e pelo que estamos vendo, vai ser neste ano mais ainda do que ano passado. Então, uma das coisas que nos preocupamos, logicamente, é a pressão dos editores para, enfim, gastarem o seu tempo com o trabalho editorial. O tempo deles é precioso, todos os editores são pesquisadores, membros da sociedade e eles têm seus próprios trabalhos em universidades”, diz Santos.

”Nós sabemos que é um trabalho adicional. Então, por causa dessa pressão, vamos dar um tipo de suporte aos editores nesse novo contrato: é uma compensação financeira para todos. Isso é algo que não tínhamos antes, e esperamos que com esse pequeno gesto de incentivo, nós possamos dar mais suporte, para que os editores tenham motivação a continuarem fazendo o trabalho editorial que eles já estão fazendo muito bem”, afirma o Publisher da Springer, fundada na Alemanha por Julius Springer há 153 anos, e que passou por uma fusão em 2015 com a Nature, tornando-se parte da Springer Nature.

Figueiredo Neto explica que os cientistas que desejam submeter seus artigos ao BJP não precisam pagar, uma vez que o modelo da revista é de assinatura, e pouca gente sabe disso. “Isso é um atrativo também. Às vezes você paga US$ 5 mil por uma publicação, valor que cientistas de países em desenvolvimento não têm”, explica Figueiredo Neto, que espera maior participação de artigos de cientistas brasileiros na BJP.

(Colaborou Roger Marzochi)

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