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Ricardo Galvão, que já foi presidente da Sociedade Brasileira de Física, receberá a homenagem no dia 4 de dezembro em razão das importantes contribuições para a ciência sob o aspecto não apenas da pesquisa e desenvolvimento, mas também de sua inserção na sociedade

Em decorrência de sua atuação nos campos da ciência e da política, o físico Ricardo Galvão, presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), receberá o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Lisboa no dia 4 de dezembro. “É claro que foi, até de certo ponto, uma surpresa”, diz Galvão, em entrevista ao Boletim da SBF. O físico agora entra para o hall de grandes mentes brasileiras agraciadas com um título Doutor Honoris Causa pela universidade portuguesa como Oscar Niemayer, Celso Furtado e Paulo Freire. “Fiquei muito satisfeito por essa distinção. E estou me preparando para receber o título.”

A homenagem é uma indicação do Instituto Superior Técnico (IST) da universidade “como reconhecimento pelos seus contributos notáveis nas dimensões acadêmica, científica e profissional prestados, com elevado reconhecimento a nível mundial e, desde a entrada de Portugal na senda da Fusão Nuclear, colaborando e dando o seu avisado contributo ao Técnico”, informa o site do instituto.

O professor catedrático do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) explica que a homenagem é fruto de uma colaboração profunda com o IST, que começou no início da década de 1990. Galvão, que já presidiu a Sociedade Brasileira de Física (SBF), foi um dos precursores da fusão nuclear controlada no Brasil, junto com o físico Ivan Cunha Nascimento, participando da criação do primeiro reator dessa tecnologia na USP, o primeiro do País e da América Latina, o TBR-1. A fusão nuclear ocorre à semelhança das reações existentes em estrelas como o Sol, em um equipamento chamado tokamak, que promete ser uma fonte de energia limpa e sustentável no futuro.

Galvão lembra que a USP chegou também a comprar instrumentos avançados do IST e que, em 1994 e 2004, trabalhou como pesquisador visitante em seu Centro de Fusão Nuclear, primeiramente por três meses e depois por seis meses. E, representando o IST, trabalhou no laboratório Joint European Torus (JET) da Culham Centre for Fusion Energy, na Inglaterra. Essa associação com o IST levou muitos estudantes da USP a estudarem em Portugal, como também alguns alunos e pesquisadores do IST a estagiarem no Laboratório de Física de Plasmas da USP.  

“É uma colaboração exitosa, de muitos anos. E ela se estendeu para além da fusão controlada”, diz Galvão. Quando o cientista era presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), colaborou com Manuel Heitor, que foi Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Portugal de 2015 a 2022, também professor da IST, para criar um centro de atividades espaciais no arquipélago de Açores. “Eu tinha uma colaboração muita intensa com o ministro Manuel. E tenho tido muita colaboração participando em bancas de concurso de professores.”   

Enquanto presidente do Inpe, Galvão veio à público rebater as acusações infundadas do então presidente Jair Bolsonaro a respeito do trabalho de monitoramento do desmatamento dos biomas brasileiros, uma atuação com reconhecimento internacional. Após o embate público, que culminou com a demissão de Galvão, o ministro Manuel prontamente lhe telefonou oferecendo apoio para trabalhar em Portugal. “Fiquei muito agradecido ao Manuel”, diz.

E, no campo da fusão nuclear controlada, Galvão continua dando grandes contribuições.  Enquanto professor da USP, ele foi o orientador de doutoramento de Vinícius Njaim Duarte, pesquisador do Laboratório de Física de Plasma de Princeton (PPPL), da Universidade de Princeton, que recebeu em agosto deste ano o prêmio Early Career Research Program Award de US$ 2,5 milhões, patrocinado pelo Escritório de Ciência do Departamento de Energia dos Estados Unidos, para desenvolver a tecnologia, conforme matéria divulgada pela SBF

Galvão ainda foi diretor do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e candidato a deputado federal nas eleições do ano passado, incentivando ainda mais os cientistas a participarem das decisões políticas. A cerimônia de entrega da honraria será transmitida online no YouTube a partir das 8h00, horário de Brasília. A SBF felicita o professor Galvão pelo título que reconhece suas importantes contribuições para a ciência em suas mais diversas esferas sociais.

(Colaborou Roger Marzochi)

Serviço
Cerimônia de entrega do título Doutor Honoris Causa a Ricardo Galvão
Onde: Universidade de Lisboa
Quando: Dia 4 de dezembro a partir das 8h (horário de Brasília)
Link da transmissão: https://youtube.com/live/UZ4t5vnuxmM?feature=share