A nova gestão da Sociedade Brasileira de Física (SBF), que assume em agosto sob a presidência do físico Sylvio Canuto, chega com uma marca inédita: a maioria dos cargos da diretoria será ocupada por mulheres. O avanço na representatividade feminina sinaliza uma mudança importante no perfil da liderança da entidade, que nos últimos anos tem buscado ampliar sua diversidade regional, de gênero e de áreas de atuação. “Na Diretoria, recém-eleita, temos maioria de mulheres, algumas já envolvidas e com contribuições importantes para a SBF e para a Física brasileira”, destacou Canuto, em entrevista, por e-mail, ao Boletim SBF.
O novo presidente reconheceu o legado de seus antecessores, especialmente do atual presidente, Rodrigo Capaz, que encerra seu mandato com importantes conquistas institucionais. Entre elas estão a consolidação financeira da entidade, a reforma do prédio sede, a modernização do Estatuto, a aprovação do Doutorado Nacional Profissional em Ensino de Física (DNPEF) na CAPES e o fortalecimento das secretarias Estaduais.
A gestão que termina agora ainda atuou fortemente na área política em busca da aprovação do Projeto de Lei 1802/22, que pretende criar o Conselho Federal de Física e os conselhos regionais. “Creio que conseguimos avançar bastante em muitos aspectos. Posso citar alguns: consolidamos a solidez financeira da SBF; modernizamos o Estatuto da nossa associação; melhoramos a governança do seguro-saúde; empoderamos as Secretarias Estaduais através do Edital de Eventos; aprovamos o DNPEF na CAPES; reformamos o prédio da SBF; criamos o Programa SBF Jovem”, afirmou Capaz, destacando que fará um balanço mais detalhado na Assembleia Geral da SBF no dia 29 de julho.
O processo eleitoral que levou Canuto à presidência foi o primeiro realizado sob as novas diretrizes do Estatuto, aprovadas durante a gestão de Capaz. “Foi a primeira vez que a eleição ocorreu com as mudanças no processo eleitoral previstas no novo Estatuto. Creio que as mudanças foram muito positivas e trarão continuidade nas ações da Diretoria, o que é muito importante”, diz Capaz.
A eleição ocorreu de forma tranquila, com boa participação dos associados e atuação eficaz do Comitê Eleitoral, segundo os dois dirigentes. “Os associados tiveram boa participação no processo eleitoral, facilitado pela possibilidade de votos online. Esse aspecto foi bem considerado pela atual diretoria e pelo Comitê Eleitoral, mas possivelmente pode ser melhorado ainda mais e faremos um esforço nessa direção. A diretoria atual valorizou a inserção de secretarias regionais e essa parceria permitirá ampliar e melhor atender demandas descentralizadas ao longo de todo o país”, explica Canuto.
Para ele, o momento agora é de transição e de escuta ativa. “Estamos no momento passando pela necessária transição e a atual diretoria tem disponibilizado tempo e dedicação para isso. No início, obviamente, daremos continuidade às boas ações e iniciativas em curso e implementaremos então o nosso Plano de Ações, já divulgado anteriormente”, afirmou Canuto.
O plano inclui medidas para modernizar a SBF com ferramentas digitais de gestão, ampliação da atuação das secretarias regionais e fortalecimento do papel da entidade em políticas públicas para ciência e educação. “Há uma modernização da SBF com o uso e implementação de novas ferramentas digitais para melhor gestão, por exemplo. Trabalharemos em parceria com o Conselho”, diz
A nova diretoria, além da maior presença feminina, também apresenta uma boa distribuição regional e reúne pessoas com atuação destacada na pesquisa, no ensino e na defesa da ciência no Brasil. “A nova Diretoria e o Conselho, que devem assumir no final desse mês de julho, são compostos por pessoal qualificado e com vontade de dar uma boa contribuição para o avanço da Ciência, em geral, e da Física, em particular, em todos os níveis, incluindo o ensino, a pesquisa e sempre atentos para as iniciativas em políticas públicas”, completou Canuto.
Rodrigo Capaz continuará atuando dentro da SBF como membro do Conselho e exercerá a função de presidente anterior, prevista pelo Estatuto, com atribuições consultivas. “Espero poder contribuir da mesma forma com a Diretoria liderada pelo Sylvio Canuto. Além disso, fui eleito para o Conselho, de modo que estarei contribuindo para a SBF”, afirmou.
Com esse novo ciclo, a SBF reforça seu papel como espaço democrático e representativo para a comunidade de físicos e físicas do país, abrindo caminho para que mais vozes – especialmente as femininas – participem ativamente das decisões estratégicas que moldam o futuro da ciência no Brasil.
(Colaborou Roger Marzochi)