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Com a celebração do Dia do Orgulho LGBTQIA+, a Comissão de Justiça, Equidade, Diversidade e Inclusão (JEDI), da Sociedade Brasileira de Física (SBF), promove uma reflexão sobre questões de gênero na Física

No dia 28 de junho foi celebrado o Dia do Orgulho LGBTQIA+. É um dia que relembra um dos episódios mais marcantes na luta desta comunidade pela sua existência e reconhecimento. E nós da JEDI não poderíamos deixar de conversar sobre isso, não é? 

Há vários estudos que fazem um levantamento da comunidade de cientistas LGBTQIA+, especialmente na Física, e avaliam as interseções de suas experiências com o fazer ciência. E eles sugerem que existem várias questões preocupantes para os profissionais da Física LGBTQIA+, incluindo comportamentos de exclusão e um ambiente de trabalho em que essas pessoas se sentem desconfortáveis em se assumir. Uma descoberta alarmante é o impacto crucial do ambiente de trabalho na retenção de profissionais.

Curiosamente, os dados não apontam diferença significativa entre o impacto de observar comportamentos de exclusão e o impacto de experimentá-los diretamente: ambos têm a mesma probabilidade de fazer com que um indivíduo que queira deixar a área (leia sobre estresse de minorias).

A aceitação tácita de comportamentos de exclusão por parte de pessoas em cargos de liderança, bem como por outros membros de um departamento ou instituição, causa danos não apenas ao alvo imediato desse comportamento, mas também pode criar um ambiente de trabalho hostil.

Outro ponto importante é que há um nível desigual de comportamentos de exclusão sentido por diferentes membros da comunidade LGBTQIA+. Um profissional da Física LGBTQIA+ com múltiplas identidades descapitalizadas – LGBTQIA+ e mulher, negra e/ou pessoa com deficiência, por exemplo – enfrenta um ambiente de trabalho mais hostil e tem mais probabilidade de ser alvo de comportamentos de exclusão. Pessoas trans, em particular, enfrentam ambientes especialmente hostis.

Ser aberto sobre a própria sexualidade ou identidade de gênero é algo que heterossexuais e cisgêneros rotineiramente fazem sem pensar muito, compartilhando detalhes dos planos familiares de fim de semana durante o café, por exemplo. Mas para pessoas LGBTQIA+, ser assumido é uma escolha contínua e consciente sobre como e com quem compartilhar sua identidade de gênero e sexual, pois tais informações podem ter interferência direta em promoções no trabalho, possibilidade de colaborações e, algumas vezes, até com a integridade física do indivíduo.  E todos os estudos mostram uma forte correlação entre ser assumido e o conforto no ambiente de trabalho.

Nós da JEDI acreditamos que pessoas LGBTQIA+ trazem recursos importantes para a área da Física, fornecendo perspectivas diversas que podem levar a uma ciência melhor e possibilitar que equipes enfrentem os desafios mais urgentes enfrentados pela humanidade. Por isso precisamos de aliados nesta jornada de equidade e inclusão.

Para saber mais, recomendamos a leitura dos seguintes textos:

LGBT+  Inclusivity in Physics and Astronomy: A Best Practices Guide 

Exploring the workplace for LGBT+ physical scientists

“Don’t  Ask, Don’t Tell”: The Academic Climate for Lesbian, Gay, Bisexual, and Transgender Faculty in Science and Engineering

These  labs are remarkably diverse — here’s why they’re winning at science