A física Ingrid David Barcelos, pesquisadora do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), foi anunciada nesta sexta-feira, 13 de junho, como vencedora do Prêmio Carolina Nemes de 2025, concedido pela Sociedade Brasileira de Física (SBF). O prêmio reconhece trajetórias de destaque de mulheres cientistas e ações em prol da promoção da diversidade na Física.

“Receber o Prêmio Carolina Nemes é uma honra imensa — especialmente por levar o nome de uma cientista brilhante que também foi professora na UFMG, onde iniciei minha trajetória acadêmica. Mesmo sem ter tido a oportunidade de trabalhar diretamente com ela, lembro-me de a encontrar diversas vezes nos corredores do departamento. Esse é um reconhecimento que me emociona duplamente: pela valorização do trabalho científico e pelo legado inspirador da professora Carolina, cuja dedicação e excelência abriram caminhos para muitas de nós”, diz a cientista ao Boletim SBF.

Ingrid lidera o Laboratório de Amostras Microscópicas (LAM) do LNLS, em Campinas (SP), onde desenvolve pesquisas de ponta com materiais bidimensionais como o grafeno. Além da excelência acadêmica, ela tem se dedicado a ampliar a participação feminina na Física, participando de projetos e eventos que incentivam meninas a se interessarem pela ciência.

Mulher de cabelos soltos cacheados, vestindo uma  roupa azul, sem mangas e segurando a placa do prêmio L'Oréal Para Mulheres na Ciência.
Em 2021 a pesquisadora Ingrid Barcelos ganhou o prêmio L’Oréal Para Mulheres na Ciência.

A cultura da pesquisa e da diversidade andam juntas na trajetória de Ingrid David Barcelos, conforme revela matéria do Boletim SBF com a cientista em agosto de 2023. Física e líder do Laboratório de Amostras Microscópicas (LAM) no LNLS, em Campinas, ela se destaca internacionalmente pelas contribuições ao estudo de materiais bidimensionais, como o grafeno e outros minerais naturais. Mas também tem um compromisso claro: ajudar a mudar o cenário da Física no Brasil, ainda muito pouco representativo para mulheres.

Sua carreira já rendeu quatro importantes prêmios entre 2016 e 2021, entre eles o Prêmio José Leite Lopes (da SBF) e o Para Mulheres na Ciência (da L’Oréal, Unesco e ABC), que a projetaram no cenário científico. Com sua pesquisa sobre a associação entre o grafeno e materiais isolantes como a pedra-sabão, usando a luz síncrotron dos aceleradores UVX e Sírius, ela abre caminho para avanços em dispositivos optoeletrônicos de baixo custo.

Formada na UFMG, foi ali que teve seu primeiro contato com os nanomateriais por um acaso — ela queria ser professora e era aluna da licenciatura. Um “acidente feliz” que a levou à iniciação científica com nanofios, nanotubos de carbono e, mais tarde, ao trabalho com grafeno.

Hoje, Ingrid participa de pelo menos sete eventos anuais na área de nanomateriais, e mesmo com a agenda sobrecarregada, busca sempre marcar presença. Sua motivação vai além da ciência: é a de mostrar para as meninas que elas têm lugar na Física. “É impressionante a quantidade de meninas que vêm tirar foto, fazer selfie. É uma busca por representatividade. Eu não tive essa opção, entrei na ciência por acidente. Mas agora temos a chance de mostrar que existem cientistas parecidas com elas”, conta ela, que defende iniciativas para ampliar a diversidade na ciência.

(Colaborou Roger Marzochi)

MAIS NOTÍCIAS