Do ensino ao pensamento filosófico, da curadoria à divulgação científica, os físicos marcam forte presença entre os finalistas da edição de 2025 do Prêmio Jabuti Acadêmico. Lançada em 2023 pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), a premiação tem o objetivo de reconhecer obras de excelência voltadas ao meio acadêmico e técnico-científico. E, neste segundo ano de realização, evidencia que a Física brasileira não se limita aos laboratórios, mas atravessa as fronteiras do saber, contribuindo para a formação crítica, a educação e a reflexão sobre a existência humana.

Na interseção entre Física e Filosofia, outro grupo de físicos também conquistou destaque. Organizado por Antonio Augusto Passos Videira, Sandro Fonseca de Souza, Marcia Begalli e Vinícius Carvalho da Silva, o livro Filosofia da Física: problemas de ontologia e epistemologia da Física Moderna é finalista na categoria “Filosofia”. A obra reúne reflexões sobre os fundamentos e os limites do conhecimento físico, abordando temas como tempo, espaço, causalidade, teorias de campo e a construção histórica das teorias científicas. Em uma época em que a interdisciplinaridade ganha cada vez mais relevância, o livro demonstra como a Filosofia pode contribuir para o amadurecimento conceitual da própria Física.

Na categoria de “Prêmios Especiais – Divulgação Científica”, o físico e astrônomo Marcelo Gleiser figura entre os finalistas com o livro “O Despertar do Universo Consciente: um manifesto para o futuro da humanidade”, publicado pela Editora Record. Conhecido por sua atuação na mídia e por tornar temas complexos acessíveis ao público leigo, Gleiser propõe neste livro uma síntese entre cosmologia, filosofia e espiritualidade.

A obra defende que o ser humano deve resgatar o senso de pertencimento ao cosmos e assumir uma postura ética diante das crises ambientais, existenciais e sociais. Com linguagem acessível e fundamentação científica, o livro reforça o papel da Física como ponte entre o saber acadêmico e os dilemas contemporâneos.

A presença de físicos no Jabuti Acadêmico também se faz sentir na curadoria do prêmio. O físico Marcelo Knobel, ex-reitor da Unicamp e diretor da Academia Mundial de Ciências (TWAS), é um dos membros responsáveis pela seleção e análise das obras finalistas. Sua atuação reforça o compromisso da premiação com a qualidade técnica e com a valorização de obras científicas que dialogam com o público universitário e com a sociedade em geral.

No ano passado, a obra vencedora do Prêmio  foi “Bases do Eletromagnetismo 2: Ondas e Relatividade”, na categoria “Astronomia e Física”. A obra foi escrita por quatro físicos do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IFUSP): José Luciano Miranda Duarte, Maria José Bechara, Manoel Roberto Robilotta e Suzana Salem. A obra dá sequência a um trabalho didático que busca articular, com precisão e acessibilidade, os fundamentos da teoria eletromagnética à relatividade restrita.

A divulgação dos vencedores do Prêmio Jabuti Acadêmico está prevista para agosto de 2025, em cerimônia organizada pela CBL. Enquanto isso, a lista de finalistas já deixa evidente que os físicos brasileiros ocupam posições de relevo, seja como autores de manuais técnicos, ensaios filosóficos ou obras de divulgação. Em tempos conturbados e de extremismos, a presença da Física no prêmio ajuda a reafirmar o valor da ciência e da educação como pilares de uma sociedade mais crítica e consciente.

(Colaborou Roger Marzochi)