O Torneio Brasileiro de Física (BPT — Brazilian Physicists’ Tournament) de 2025 está prestes a abrir as inscrições e já bateu um recorde antes mesmo do início oficial das inscrições. Neste ano, o número de equipes participantes cresceu de 5 para 11, um salto que mostra o avanço e o entusiasmo crescente dos estudantes de física com o evento, que acontece em dezembro no Rio de Janeiro.

O evento, que tem como presidente do comitê local o professor Cláudio Lenz (UFRJ/IMPA-Tech) e que mantém à frente da organização nacional Maria Carolina Volpato (Unicamp), que segue como presidenta do torneio, será realizado entre os dias 8 e 10 de dezembro no 8º BPT no IMPA-Tech, no Rio de Janeiro. A equipe vencedora representará o Brasil no IPT (International Physicists’ Tournament), uma das maiores competições de física universitária do mundo.

A expectativa é de que as inscrições sejam anunciadas ainda na próxima semana, por meio das redes sociais e do site do torneio. “As inscrições não estão abertas ainda, mas serão divulgadas em todas as redes sociais, portanto, é preciso que a comunidade de físicos e físicas fique atenta para não perder essa grande oportunidade”, alerta Anna Luísa Lemos, estudante de física da UFMG e secretária de comunicação do Comitê Local do BPT.

Anna Luísa Lemos e Maressa Sampaio, ambas ex-competidoras, agora estão entre os rostos que garantem a continuidade e o crescimento do BPT. As duas participaram do torneio em 2022 e 2023 como estudantes da equipe da UFMG e, após representarem o Brasil no Torneio Internacional de Física (IPT) em 2024, decidiram integrar a comissão organizadora.

Equipe da UFMG foi campeã do BPT 2024 e viajou à Polônia para o IPT 2025.

“Em 2022 e 2023 participamos do BPT como estudantes da UFMG. Em 2024 fomos ao IPT, realizado na Suíça, e depois passamos para a organização na UFMG no 7º BPT. Agora estou como secretária do 8º BPT, que vai ser em dezembro de 2025”, conta Maressa, que hoje cursa mestrado em Física na Unicamp, orientada por uma pesquisadora que conheceu justamente durante o torneio. Além da organização, Maressa carrega um feito que inspira novos participantes: ela foi capitã da equipe brasileira no IPT de 2025, realizado no início do ano na Polônia, na qual a equipe da UFMG saiu vencedora.

A Física em expansão

O número recorde de 11 equipes pré-inscritas representa um crescimento expressivo e inédito para o BPT. “O ano passado e a maioria das edições anteriores tinham apenas cinco equipes. Agora passamos de 5 para 11, um salto muito grande”, explica Maressa.

Em 2024, o BPT atraiu cinco equipes à UFMG.

Segundo Anna, esse avanço é fruto direto da divulgação crescente em canais voltados à popularização da ciência. “Acho que o aumento se deu principalmente pelas divulgações que a gente teve. Participamos do Física ao Vivo da SBF e o canal Uai Física fez uma cobertura em 2023, na UFABC, e continuou divulgando em 2024”, explica. Essa visibilidade ampliou o alcance do torneio, atraindo grupos de todo o país, de universidades públicas e privadas, consolidando o evento como um espaço de aprendizado, colaboração e formação científica.

O BPT segue o formato do torneio internacional, em que equipes resolvem problemas desafiadores de física e defendem suas soluções perante bancas formadas por outros participantes. Em 2025, serão 12 problemas nacionais, selecionados de uma lista de 17 desafios propostos pelo IPT.

“São problemas muito experimentais como acústica, termodinâmica e hidrodinâmica, questões que estão bem em alta este ano. O torneio internacional gosta bastante de vórtices e sistemas complexos”, comenta Maressa. Os grupos já estão trabalhando nas soluções, mesmo antes da abertura oficial das inscrições. “Quando sai a lista, todo mundo já começa a estudar; é uma correria!”, brinca Anna.

Formação científica e oportunidades

Mais do que uma competição, o BPT tem se mostrado um caminho de iniciação científica para estudantes de graduação. Muitos deles têm o primeiro contato com a pesquisa dentro do torneio. “Quando entrei na disciplina que participa do torneio, eu ainda estava no segundo período. Foi ali que entendi o que é fazer ciência: estudar um tema, montar experimentos, defender ideias”, lembra Anna. Maressa concorda: “existe um ganho direto de conhecimento e um aprendizado de como fazer pesquisa, que você leva para a pós-graduação. Eu publiquei um artigo a partir de um problema do torneio.”

O evento também abre portas para novas conexões. “Além de aprender muita coisa, o networking dentro do torneio te dá a oportunidade de conhecer outras pessoas. Foi assim que conheci minha atual orientadora e vim para o mestrado”, completa Maressa, que atualmente pesquisa física de neutrinos, integrando o sistema de detecção de fótons do experimento DUNE, nos Estados Unidos.

Para Anna, o torneio cumpre um papel importante na formação de futuros pesquisadores. “O estudante que ainda não teve contato com pesquisa acaba descobrindo esse universo dentro do BPT. E mais: aprende a se comunicar, apresentar resultados, responder a perguntas de uma banca, tudo isso em inglês, o que é fundamental na carreira científica”, afirma.

O BPT, que terá sua oitava edição em 2025, segue crescendo em impacto e relevância. Além de promover intercâmbio entre estudantes e pesquisadores, o torneio tem inspirado a criação de projetos de extensão e divulgação científica, reforçando o compromisso das novas gerações com a democratização do conhecimento.

Inscrições e informações

As inscrições para o 8º BPT devem ser abertas nos próximos dias, com formulário hospedado no site da Sociedade Brasileira de Física (SBF). Todas as informações — incluindo datas, locais, hotéis recomendados, lista de problemas e regras da seletiva nacional — serão publicadas no site oficial do BPT, na aba Seletiva Nacional.

A comissão reforça o convite: “as redes do BPT divulgarão tudo em primeira mão. Fiquem atentos, pois é uma grande oportunidade de se envolver com pesquisa e com a comunidade científica de física.” Com o entusiasmo que move jovens como Anna e Maressa, o BPT confirma que a física brasileira está mais viva do que nunca e em plena expansão.

Fique atento(a)

(Colaborou Roger Marzochi)