(Foto: divulgação)

A física brasileira Thais Enoki, da Universidade de São Paulo (USP), acaba de receber o prêmio Para Mulheres na Ciência 2025, iniciativa do Grupo L’Oréal no Brasil em parceria com a UNESCO e a Academia Brasileira de Ciências (ABC). Em entrevista à assessoria de imprensa do Grupo L’Oréal, ela afirma que gostaria que mais meninas e mulheres soubessem que “existe lugar para elas na física e que não é preciso saber tudo para começar”.

Thais é especialista na aplicação da física num ponto crucial da biologia celular: a assimetria das membranas que envolvem todas as células do nosso corpo. As membranas celulares, que são películas finíssimas formadas por uma bicamada de lipídios, controlam o que entra e o que sai de cada célula. Durante décadas, acreditou-se que essas duas camadas fossem simétricas. Mas, na natureza, é justamente a assimetria que garante o bom funcionamento celular. Células doentes, por exemplo, tendem a perder essa diferença entre suas faces.

É nesse cenário que o projeto de Thais se destaca. Ela investiga como essa assimetria se organiza e de que forma sua alteração pode indicar o início de doenças. Uma das perguntas centrais de sua pesquisa é: “Como o colesterol, um lipídio central para a vida, se distribui entre as duas camadas da membrana?” A resposta pode ajudar a distinguir células saudáveis de células doentes e direcionar o desenvolvimento de terapias mais específicas.

“Nosso objetivo é preencher uma lacuna real nos livros de biologia celular”, afirma a cientista. “Se entendermos melhor como o colesterol se organiza na membrana, esse conhecimento pode futuramente ajudar na criação de medicamentos, como antivirais, anestésicos e outros”, completa.

A trajetória de Thais na ciência é marcada pela curiosidade desde a infância, quando desmontava objetos para descobrir como funcionavam. Hoje, ela reconhece que sua motivação permanece a mesma: “poder responder perguntas que ninguém respondeu antes”. Para ela, a ciência é “um espaço de liberdade, criatividade e impacto real na vida das pessoas”.

O Prêmio Para Mulheres na Ciência reconhece, anualmente, jovens pesquisadoras que se destacam em suas áreas. A conquista de Thais amplia a visibilidade da física biológica no País e reforça seu papel como inspiração para futuras cientistas. “Ser mulher na ciência é também abrir portas. Espero que meu trabalho encoraje outras meninas a seguirem o caminho da pesquisa”, conclui.

(Texto da SBF com informações da FSB)