A Sociedade Brasileira de Física (SBF) participou do seminário internacional JINR and Latin America: synergetic partnership for future, promovido pelo Joint Institute for Nuclear Research (JINR) e realizado no início de dezembro, em Cuba. O JINR é uma organização científica internacional intergovernamental sediada na região de Moscou, Federação Russa. A SBF foi representada pela secretária de Comunicação, professora Marcilei Guazzelli (FEI). Estiveram presentes diretores dos mais importantes laboratórios que integram o Joint Institute for Nuclear Research (JINR), instituição internacional de referência mundial nas áreas de física nuclear, física de partículas e pesquisas interdisciplinares.

Durante a programação, foram apresentadas em detalhe a infraestrutura científica e as principais linhas de pesquisa desenvolvidas nos laboratórios do JINR, incluindo o Laboratório de Física Teórica (BLTP), o Laboratório de Física de Partículas (LPP), o Laboratório Flerov de Reações Nucleares (FLNR) — reconhecido pela síntese de novos elementos superpesados —, o Laboratório Dzhelepov de Problemas Nucleares (DLNP), o Laboratório Veksler e Baldin de Físicas de Alta Energia (VBLHEP), responsável por pesquisas com o complexo de aceleradores NICA (Nuclotron-based Ion Collider fAcility), entre outros centros técnico-científicos de ponta.
A intenção do seminário foi reunir cientistas representantes dos países latino-americanos para explorar oportunidades de colaboração entre as instituições e ampliar a participação da América Latina no instituto, representada, desde 1975, apenas por Cuba. Representantes dos países da América Latina apresentaram seus interesses e perspectivas de cooperação em desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação, destacando áreas como física nuclear, instrumentação científica, formação de recursos humanos e aplicações da radiação em saúde, indústria e meio ambiente. O objetivo comum foi identificar oportunidades para o estabelecimento e fortalecimento de parcerias estratégicas.

A SBF deu ênfase ao uso pacífico da energia nuclear e apresentou ações desenvolvidas durante o ano de 2025 que demonstram a preocupação constante da instituição com a integração de pesquisadores e com a formação continuada de profissionais de Física. Por meio de parcerias internacionais, olimpíadas de Física, congressos, webnários, workshops e manutenção do mestrado e doutorado profissional em Ensino de Física, a Sociedade Brasileira de Física demonstrou o estímulo ao aperfeiçoamento educacional, desenvolvimento tecnológico e promoção da ciência nacional – no país e no mundo.
Outro ponto ressaltado na apresentação conduzida pela física Marcilei Guazzelli foi o trabalho realizado pela SBF na formação do público leigo e combate à desinformação relacionada à Física Nuclear e demais áreas da Física. Iniciativas como VeriFísica – espaço de checagem de fatos da SBF, aberto ao público – , Física ao Vivo e o próprio trabalho contínuo de divulgação científica realizado pela equipe de comunicação da instituição foram destacados como ferramentas necessárias para a integração de profissionais de Física e instituições de pesquisa com a sociedade. Esforços necessários não apenas na desmistificação de temas relacionados com a área, mas também no reconhecimento social sobre o papel de profissionais da Física no desenvolvimento tecnológico do país, impactando áreas diversas com ao saúde e a economia nacional.

Após um dia e meio de apresentações, foi realizada uma mesa-redonda que permitiu ampla interação entre os participantes do evento, para a diretora de Comunicação da SBF, professora Marcilei Guazzelli, foi uma ótima oportunidade para prospectar colaborações com o JINR e instituições brasileiras. “Nessa sessão, foram discutidas possíveis colaborações entre grupos de pesquisa, intercâmbio de estudantes e pesquisadores, projetos conjuntos, utilização compartilhada de infraestrutura avançada e participação em experimentos de grande porte do JINR”, detalha. Para ela, o encontro reforçou o interesse mútuo em expandir a presença científica da América Latina no instituto e criar ações concretas de cooperação em médio e longo prazo.
Além da SBF, esteve presente em Cuba o físico brasileiro Nilberto Medina (USP), presidente da Associação Latino-Americana de Física Nuclear e Aplicações (Alafna). As físicas Débora Menezes, diretora de Análise de Resultados e Soluções Digitais do CNPq, e a professora Ana Mizher (USP), realizaram apresentações remotamente.
Atualmente, o JINR é composto por 15 membros: Armênia, Azerbaijão, Belarus, Bulgária, Cuba, Egito, Geórgia, Cazaquistão, Coreia do Norte, Mongólia, Romênia, Rússia, Eslováquia, Uzbequistão e Vietnã. Outros oito países, dentre eles, o Brasil, possuem acordos bilaterais de colaboração. No ano passado representantes brasileiros estiveram na Rússia para assinar cooperação com a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEM) e com a Universidade Federal do Sul da Bahia.
Por Frederico S. M. de Carvalho







