“Para ser grande, sê inteiro: nada / Teu exagera ou exclui. / Sê todo em cada coisa. Põe quanto és / No mínimo que fazes. / Assim em cada lago a lua toda / Brilha, porque alta vive.” Esse poema de Fernando Pessoa, na “pessoa” de Ricardo Reis, é levado a sério por Rodolfo Langhi, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Bauru, no interior de São Paulo, que administra o Observatório Didático de Astronomia “Lionel José Andriatto”. É impossível passar um único dia sem que o professor Langhi envie para seus contatos do whatsapp notícias referentes às atividades do observatório, que inclui o ensino, a pesquisa, o respeito aos povos originários e a luta pela equação da poluição luminosa, que prejudica o estudo dos astros.

Pois Langhi conseguiu criar um canal específico no Whatsapp para otimizar essa comunicação direta com o público. Segundo ele, o “Observatório Didático de Astronomia da Unesp envia diariamente notícias (em média 2 notícias por dia) para mais de 900 pessoas inscritas em nosso Canal de Whatsapp”. Na quinta-feira, dia 14 de agosto, o número exato era de 1.032 pessoas conectadas ao canal. O projeto conta com a parceria da Faculdade de Comunicação Social da Unesp de Bauru, no qual os alunos atuam de forma voluntária.

As informações incluem notícias recentes de pesquisas e novas descobertas na astronomia realizadas no mundo todo, notícias de pesquisadores brasileiros na área, informações sobre fenômenos astronômicos que acontecem e que vão acontecer no céu, datas dos congressos científicos e eventos que reúnem pessoas interessadas e pesquisadores sobre astronomia. Informa ainda, com antecedência, a programação do Observatório, quais eventos, atendimentos e atividades que realiza.

A última notícia visualizada pelo Boletim SBF foi sobre um asteroide. “O asteroide 2006 SU218 foi nomeado em homenagem a uma menina brasileira, passando a se chamar (292352) Nicolinha! A publicação oficial está no Boletim n.º 5, edição 19, publicado em 11 de agosto de 2025 pelo Working Group for Small Bodies Nomenclature (WGSBN) da União Astronômica Internacional (IAU)”, informa o canal.

“A gente tenta fazer é o máximo, dentro das nossas limitações de experiência, de conhecimento, para que o público possa compreender numa linguagem mais simplificada possível alguns conceitos que aparentemente podem ser complicados para as pessoas leigas”, diz Langhi, ao Boletim SBF. “Embora simplificar seja perigoso, porque quando a gente tenta simplificar muito a linguagem, corre-se o risco de cometer erros conceituais nas explicações. Às vezes a gente pega mesmo algumas publicações, artigos de jornalistas, que acabam contendo erros conceituais de astronomia justamente nessa tentativa de simplificar demais, usar palavras mais vulgares, no sentido popular. Naquele esforço de popularizar o conhecimento científico, acaba cometendo erros ou então cria-se concepções, ideias errôneas, ideias erradas na cabeça do leitor.”

Lua

Em decorrência desses riscos, Langhi afirma ser extremamente importante a união de esforços entres jornalistas, comunicadores e cientistas, a fim de evitar que a busca pela metáfora escorregue para termos que prejudiquem o estímulo à curiosidade e absorção das essências dos conceitos técnicos. “Se o cientista não faz ou não fizer a divulgação da ciência, tem muita gente por aí que não é cientista e, aliás, é contra a ciência, e acaba fazendo a divulgação deles” explica o professor, citando o caso do triste sucesso da ideia falaciosa do terraplanismo.

“O terraplanismo, por exemplo, que foi bem assim, está bem disseminado, bem comentado, bem divulgado pelos adeptos. E isso não é científico, não é um conhecimento científico, é um tipo de conhecimento, tudo bem, mas não é o conhecimento científico. A pessoa tem liberdade de acreditar no que quiser. Ok. Então eles fazem a divulgação e, pelo jeito, funciona muito bem, porque muita gente comenta sobre o terraplanismo. Se o cientista não fizer a sua divulgação, então a ciência vai ficar cada vez mais distante da população e pessoa acaba acreditando em coisas que não têm um apoio na ciência”, afirma. “Por isso, é importante a divulgação da ciência. No nosso caso aqui a gente tenta fazer o máximo para divulgar astronomia, novas descobertas sobre os mistérios do universo, cursos de astronomia, de observação do céu, astroturismo, curso para professores… A gente faz de tudo aqui para ajudar as pessoas a entender o Universo.”

Link do Canal do Observatório no Whatsapp:

(Colaborou Roger Marzochi)