O presidente da Sociedade Brasileira de Física (SBF), Rodrigo Capaz, participou na última segunda-feira (26/05) da Sessão Especial do Senado Federal em Comemoração ao Dia do Físico, evento no qual também discursaram os físicos Ricardo Galvão, presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e Débora Peres Menezes, diretora de Análise de Resultados e Soluções Digitais (DASD) do CNPq que, na ocasião, representou na cerimônia a física Andrea Brito Latgé, Secretária de Políticas e Programas Estratégicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Em seu discurso no Senado, Capaz lembrou que a física é muitas vezes “silenciosa”, no sentido que é a base que levou ao desenvolvimento de tecnologias largamente utilizadas hoje, do celular ao tomógrafo do hospital. “A Física não é apenas uma ciência teórica; ela é a base do progresso tecnológico”, afirma o presidente da SBF, defendendo a educação como prioridade para o desenvolvimento do País. “O ensino de Física na educação básica precisa ser encarado como prioridade estratégica. A recente reforma do ensino médio e as alterações na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) têm provocado grande apreensão na comunidade científica. É fundamental que mudanças no ensino de física no nível médio e na formação de professores sejam feitas com extrema cautela, ouvindo especialistas em Ensino de Física, sob pena de comprometermos o futuro do país”, afirma Capaz.




Galvão, presidente do CNPq, também reforçou em seu discurso sobre a importância da educação. “Nós temos de ter, cada vez mais — e também aí, neste ponto, o Congresso é muito importante —, iniciativas para estimular nos jovens o apreço pela ciência. Não só eventos, demonstrações, como a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia e todas as outras; temos também de fornecer bolsas para estudantes do ensino médio se dedicarem à ciência”, afirma, de acordo com a Agência Senado.
Débora Peres Menezes ressaltou em seu discurso dados do Censo da Educação Superior de 2019 que apontam a formação de 2,4 mil professores de física e quase 30 mil professores de educação física. “É um retrato que faz parecer que as academias de ginástica têm mais valor, no Brasil de hoje, do que o ensino de ciência nas escolas”, diz, de acordo com a Agência Senado. “O Dia do Físico nos ajuda a lembrar da importância do investimento em ciência básica e na formação de professores capacitados, para não desestimular a curiosidade de nossas crianças, curiosidade fundamental na vida dos cientistas.”
A ex-presidente da SBF defendeu também a maior participação da mulher na ciência. “Percebendo que a física está caminhando para ser mais inclusiva com os grupos sub-representados, mas que ainda há muito a avançar, finalizo com uma frase de uma das muitas mulheres incríveis que contribuíram de forma indiscutível para o conhecimento da ciência que temos hoje, Madame Marie Curie, que falou: ‘Na vida não há nada a temer, mas a entender. E, para isso, a física é a mais nobre das ciências’.”
Em discurso, o presidente da SBF também defendeu a garantia de continuidade e integridade do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) para o contínuo desenvolvimento da ciência no Brasil. Capaz argumento que é “essencial que todos os mecanismos de uso do fundo preservem a regra de que pelo menos 50% dos recursos sejam destinados a despesas não-reembolsáveis”.
“Esta é uma condição vital para o avanço da ciência básica e aplicada no Brasil. Neste sentido, também apoiamos fortemente a Proposta de Emenda Constitucional 26/2025, de autoria do Senador Marcos Pontes, que coloca o FNDCT sob proteção da Constituição, blindando seus recursos de bloqueios orçamentários e manobras jurídicas e administrativas. No entanto, o fortalecimento do fundo não deve ocorrer em detrimento do orçamento regular do MCTI, que tem decrescido nos últimos anos de maneira perigosa para a sustentabilidade das nossas instituições.”
Capaz também ressaltou a importância do Brasil no cenário internacional como membro associado ao CERN, o maior laboratório de Física de partículas do mundo. “Esta parceria abre oportunidades únicas para nossos jovens pesquisadores e para a indústria de base tecnológica nacional. A SBF defende que o Brasil amplie essa inserção, garantindo investimentos e políticas que estimulem a participação ativa da nossa comunidade científica nesses grandes consórcios internacionais”, afirma.
“Além disso, 2025 foi proclamado pela UNESCO como o Ano Internacional da Ciência e da Tecnologia Quântica. A Física quântica está no cerne de tecnologias como lasers, chips, sensores e dispositivos médicos. Uma fração significativa do PIB dos países desenvolvidos se deve a aplicações diretas da Física Quântica. A Física brasileira tem muito a contribuir nesse campo, mas precisamos de uma iniciativa nacional em tecnologias quânticas, que organize e fortaleça esse ecossistema emergente. O mundo está se posicionando estrategicamente nesse setor, e o Brasil não pode ficar para trás.”
Capaz afirmou ainda que a Física no Brasil está pronta para contribuir ainda mais com o desenvolvimento do País. “Nossa comunidade tem competência, compromisso e visão de futuro. A Sociedade Brasileira de Física se coloca à disposição deste Parlamento, do Poder Executivo e da sociedade civil para colaborar na formulação de políticas públicas, na construção de projetos nacionais estratégicos e na defesa de uma educação científica de qualidade. Neste Dia do Físico, celebramos não apenas uma profissão, mas o poder transformador da ciência. Que esta data sirva de inspiração para que o Brasil continue apostando no conhecimento, na inovação e na valorização de seus cientistas.”
Assista à cerimônia completa
(Colaborou a SBF com informações da Agência Senado)