
A quarta e última edição deste ano (volume 40) da RBEF (Revista Brasileira de Ensino de Física), publicação trimestral da SBF, dedica uma seção especial ao centenário do nascimento de Richard Feynman (1918-1988). Ganhador do Prêmio Nobel em Física de 1965, ele é tido como o físico americano de maior repercussão do século 20.
Não bastasse o papel central que ele desempenhou tanto no desenvolvimento da eletrodinâmica quântica como no ensino de física, Feynman estabeleceu laços relevantes com o Brasil, onde passou vários meses entre 1951 e 1952 (além de outras curtas visitas ao país) e proferiu diversas palestras sobre ensino que se tornaram referência.

Em termos clássicos, é muito fácil entender mudanças de fase, como as que acontecem a um material na transição entre os estados sólido, líquido e gasoso. Mas o que significa uma transição de fase em termos quânticos? Compreender mudanças de fase quânticas é ainda hoje um desafio, e uma das ferramentas que podem servir bem a esse propósito é a análise de espaços métricos.
Essa é a base de um artigo publicado em 26 de julho no “Brazilian Journal of Physics”, publicação da Sociedade Brasileira de Física. De autoria de Vivian V. França, do Instituto de Química da UNESP (Universidade Estadual Paulista) em Araraquara (SP), com T. de Picoli e I. D'Amico, do Instituto de Física de São Carlos da USP (Universidade de São Paulo), o trabalho usa a abordagem de espaços métricos para estudar transições de fase em sistemas em que há população desbalanceada de spins.

É inegável o sucesso crescente da eletrônica ao longo do último século, com sua presença tomando conta do nosso dia a dia de forma cada vez mais avassaladora. Mas os físicos trabalham neste momento em alternativas que podem oferecer aplicações ainda mais sofisticadas, como a spintrônica e a fonônica.
Nesse contexto, um trabalho feito em parceria por pesquisadores em Singapura, na Itália e no Brasil e publicado em 16 de maio no "Physical Review Letters" pode iluminar caminhos. O grupo apresenta a descrição de um diodo perfeito de spins.

Um dos usos mais comuns do magnetismo é em dispositivos para armazenar informação -- como os discos rígidos de computador -- e alguns dos parâmetros mais importantes nesse processo são a velocidade e o custo energético envolvido.
Agora, um novo trabalho teórico e experimental conduzido por pesquisadores no Brasil faz avanço nessas duas frentes, ao demonstrar um modo ultrarrápido de magnetizar a matéria, envolvendo um consumo baixo de energia.

A relativamente recente área da spintrônica está fazendo francos avanços rumo a aplicações cada vez mais sofisticadas. É o que diz Fanny Béron, professora do Instituto de Física Gleb Wataghin, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e vencedora do Prêmio Carolina Nemes de 2018, outorgado pela SBF. "A spintrônica já faz parte do nosso cotidiano, escondida em vários dispositivos, especialmente para armazenamento de dados, uma área em grande expansão", diz a pesquisadora, em entrevista.
Ela também comenta a situação das mulheres na ciência brasileira e diz que ela é similar à do resto mundo, onde há claramente um efeito "tesoura": o número de mulheres vai diminuindo da graduação para a pós-graduação e dali para as posições de chefia. "As mulheres precisam constantemente reafirmar e justificar a posição delas, o que, pouco a pouco, pode acabar por desmotivar", diz Béron. "Esta pressão não é necessariamente expressada de maneira direta, muitas vezes é feita sem querer, sendo ancorada no inconsciente da sociedade."